Reabilitação e Estimulação Cognitiva - Aprendizagem e Desenvolvimento
Reabilitação e Estimulação Cognitiva - Aprendizagem e Desenvolvimento com técnicas baseadas em evidências, mas com a leveza de um passeio na floresta. E por que não poderia ser assim?
Combater a desinformação é sempre um dever social e também uma missão de quem trabalha com seriedade.
Nesta última sexta-feira (22), uma fala recente de um ministro do STF, comparando as terapias voltadas para pessoas autistas a um "passeio na floresta", veio à tona nas redes sociais, o que expõe um desconhecimento alarmante sobre a realidade de milhões de famílias e sobre a ciência que embasa essas intervenções. Essa analogia desrespeitosa e simplista ignora a profundidade e a relevância dessas terapias no desenvolvimento e na qualidade de vida de crianças e adultos autistas.
As intervenções terapêuticas, nas bases da ciência ABA (Análise do Comportamento Aplicada), fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicoterapia, não são atividades opcionais ou recreativas. São ferramentas essenciais para promover o desenvolvimento da autonomia, comunicação e habilidades sociais. Cada sessão é planejada e executada de forma personalizada, com base em estudos científicos e no respeito às necessidades únicas de cada indivíduo.
No entanto, é fundamental destacar que a ludicidade desempenha um papel central em muitas dessas intervenções, especialmente no trabalho com crianças. Brincar não é apenas diversão — é uma ponte para o aprendizado, o vínculo e a construção de habilidades. Através de jogos, atividades criativas e interações lúdicas, profissionais conseguem engajar as crianças de forma mais eficaz, respeitando seu tempo e suas particularidades.
Para uma criança autista, brincar pode ser um caminho para desenvolver habilidades de linguagem, ampliar a interação social, compreender regras e expressar emoções. Não é um "passeio despretensioso", mas sim uma abordagem intencional e estruturada que potencializa o aprendizado e facilita a inclusão.
Deslegitimar terapias ou reduzir sua importância a uma comparação rasa é desvalorizar o esforço de profissionais especializados, o empenho das famílias e, sobretudo, os avanços conquistados pelas pessoas autistas. É ignorar o impacto positivo que essas intervenções têm na vida de milhares de pessoas e o quanto a ludicidade pode transformar desafios em oportunidades de crescimento.
A sociedade precisa avançar na compreensão e no respeito à neurodiversidade. E figuras públicas, especialmente aquelas com posições de influência, devem agir com responsabilidade ao tratar de temas tão sensíveis. O acesso às terapias não é um privilégio ou luxo: é um direito fundamental que precisa ser protegido e valorizado.
Por Jordanna Parreira, Msc, AC, Neuropsicóloga e Diretora Executiva do INPS

